Transplante de Fígado Intervivos

Entendendo a diferença entre doador vivo e doador falecido

  • DOADOR FALECIDO: chamado antigamente de doador cadáver: é a pessoa que tem morte cerebral diagnosticada (geralmente por acidentes de trânsito ou doença cerebral popularmente conhecida como derrame) e manifestou no passado, para a família, o desejo de ser doador;
  • DOADOR VIVO: é a pessoa que deseja doar em vida parte do seu fígado, podendo ser parente ou não
Transplante Intervivos 1

O que é o transplante de fígado intervivos?

O transplante de fígado intervivos é o transplante no qual uma parte do fígado de uma pessoa saudável é retirada por meio de cirurgia e então colocado no lugar do fígado doente do paciente que precisa do transplante.

Quais são os benefícios do transplante de fígado intervivos?

  • O receptor não depende da lista de espera para o transplante acontecer
  • Pacientes com pontuação baixa na lista de espera (MELD ou PELD score) tem a chance de serem transplantados em pouco tempo
  • A cirurgia é programada, o que permite escolher o momento em que o receptor está em melhores condições de saúde, além de permitir que a família se programe e se estruture para oferecer o melhor suporte para o paciente
  • A parte do fígado retirada do doador vivo será colocada no receptor com tempo menor do que aconteceria com um fígado de cadáver, diminuindo a lesão no novo órgão devido a um tempo de isquemia curto, sendo um fator importante para uma recuperação mais rápida
  • O doador causa um grande impacto na vida da pessoa que precisa, sendo o maior responsável por salvar a vida dela

Por que não realizar o transplante com doador falecido em todo paciente que precisa?  

O transplante é feito com mais frequência com o doador falecido. Entretanto, como a fila de espera por um fígado é muito maior do que a quantidade de doadores falecidos disponíveis, o transplante com doador vivo (transplante intervivos) é realizado cada vez com mais frequência.

O transplante de fígado intervivos foi idealizado e realizado no final dos anos 80 como uma alternativa à falta de doadores falecidos para crianças pequenas, sendo posteriormente desenvolvido em alguns lugares do oriente, principalmente Japão, Coréia do Sul e Hong Kong, para atender a alta demanda de pacientes adultos naqueles países também. Hoje, o transplante intervivos tanto para crianças quanto para adultos é uma técnica muito bem estabelecida e segura.

A doação em vida só é possível porque o fígado tem a capacidade de regeneração, não prejudicando a saúde da pessoa que fez a doação.

Quem pode ser doador?

Se um candidato a transplante de fígado for elegível para receber um fígado de um doador vivo, um membro da família, parente ou mesmo alguém sem relacionamento familiar poderá ser considerado para doação. Existem vários requisitos para se tornar um doador vivo, dentre eles:

  • Ter tipagem sanguínea compatível (grupo ABO compatível)
  • Ter saúde perfeita, tanto física quanto mental
  • Idade entre 18 e 50 anos (em alguns casos considera-se idade superior)
  • Ser capaz de entender os riscos relacionados a cirurgia e seguir as recomendações médicas antes e após a cirurgia
  • Realizar exames e avaliações e ser aprovado em todas elas
  • Não fazer uso de tóxicos ou abuso de álcool
  • Se for tabagista, parar de fumar com antecedência
  • Não ser portador de:

  • Doença no fígado
  • Doenças em outros órgãos (doença cardíaca e renal, por exemplo)
  • Doenças transmissíveis
  • Tumores malignos

A doação é um ato de generosidade, e este ato deve ser livre e espontâneo. A motivação é única e exclusivamente contribuir com a saúde da pessoa que receberá o órgão. Em hipótese alguma será considerada a aprovação de um doador que esteja sendo pressionado ou que tenha recebido algum incentivo financeiro para realizar a doação, além de se configurar um crime.

Quais são os riscos para o doador?

Todo paciente submetido a qualquer procedimento cirúrgico ou anestésico está em risco de ter complicações. As complicações mais comuns na cirurgia da doação de fígado são:

  • FÍSTULA BILIAR: significa escape de bile na área onde o fígado foi cortado. Geralmente resolve-se sem uma nova intervenção. Em alguns casos pode ser necessária a colocação de um dreno próximo ao fígado para retirar o acúmulo de bile
  • SANGRAMENTO: como o fígado tem uma grande circulação de sangue no seu interior, um sangramento pode acontecer no pós-operatório. A cirurgia cuidadosa minimiza as chances disto acontecer
  • INFECÇÃO DA FERIDA OPERARÓRIA
  • HÉRNIA NO LOCAL DA CIRURGIA
  • PNEUMONIA
  • TROMBOSE VENOSA NA PERNA

A avaliação do possível doador é feita de maneira detalhada e muito criteriosa para que os riscos a ele sejam reduzidos. Entretanto, mesmo que raramente ocorra, a literatura médica mundial relata que pessoas já faleceram doando parte de seus fígados (alguns estudos citam a possibilidade de 0,2% de chance de morrer doando parte do fígado).

Como é decidido qual parte do fígado do doador será retirada?

Esta avaliação é feita antes da cirurgia, durante a avaliação do doador e do receptor. Normalmente, pacientes maiores precisam de um tamanho de fígado maior. O fígado é um órgão subdividido em segmentos, e a retirada da parte do fígado que será utilizada no transplante deve seguir esta subdivisão. As possíveis cirurgias de doação são:

  • ENXERTO DE SEGMENTO LATERAL ESQUERDO: é a parte do fígado mais próxima ao estômago, correspondendo de 20 a 30% do volume total do fígado. É utilizado como enxerto para crianças
  • ENXERTO DE LOBO ESQUERDO: corresponde de 30% a 40% do volume total do fígado, geralmente utilizado em adolescentes e adultos pequenos
  • ENXERTO DE LOBO DIREITO: é a maior parte do fígado e o maior enxerto que pode ser utilizado, geralmente correspondendo de 60 a 70% do volume total do fígado. É utilizado em adultos maiores

Qual a quantidade de fígado que deve permanecer com o doador para que ele possa funcionar normalmente?

O doador, sendo uma pessoa saudável, deverá permanecer com no mínimo 30% do volume estimado do seu fígado. Com esta quantidade, o funcionamento do fígado remanescente será normal. Em situações onde por exemplo o lobo direito do doador corresponde a mais de 70% do volume total do fígado, ele não poderá ser doador, já que sobrará menos de 30% do fígado para ele.

Como é a recuperação do doador?

O período de internação costuma variar de 3 a 5 dias, podendo se extender em alguns casos. As alterações mais comuns no pós-operatório são:

  • DOR NO LOCAL DA INCISÃO: pior nos primeiros dois dias, mas facilmente controlada com medicação
  • SENSAÇÃO DE ESTÔMAGO CHEIO: melhora com o restabelecimento de atividades físicas e orientações dietéticas
  • INSÔNIA: comum nos primeiros dias devido a mudança de rotina e medicamentos, em pouco tempo o sono é normalizado

Normalmente o paciente volta a se alimentar no mesmo dia da cirurgia ou no dia seguinte, dependendo da duração do procedimento. A movimentação é estimulada e o paciente é encorajado a sair do leito para caminhar já no dia seguinte.

Após a alta, o doador fará o acompanhamento médico ambulatorial. Com duas semanas de cirurgia a recuperação já costuma ser excelente, e normalmente em dois meses poderá voltar às suas atividades rotineiras (alguns pacientes retornam às suas atividades com 1 mês de cirurgia, com a orientação de evitarem esforço físico intenso por mais um mês).

As cirurgias do doador e do receptor são feitas ao mesmo tempo?

Sim, a mesma equipe se divide para fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo. Enquanto o time que está no doador faz a retirada de parte do fígado, o time que está no receptor se prepara para retirar o fígado doente e deixar o paciente pronto para receber o novo fígado. Todo o procedimento dura em média de 10h a 12h.

As duas cirurgias são muito complexas, e deve haver uma coordenação muito grande entre as duas equipes. Esta é uma das razões para este procedimento só ser realizado por equipes muito bem treinadas e experientes.

Assim que o enxerto é retirado (parte do fígado do doador), ele é perfundido fora do corpo do doador com uma solução chamada de solução de preservação, que remove o sangue do órgão e ajuda a resfriá-lo. Depois disto, ele é colocado no corpo do receptor e as conexões entre as artérias e veias do enxerto e os vasos sanguíneos do receptor são feitas, e desta forma o sangue do paciente passa a circular no fígado novo. Após esta etapa, a circulação de bile (produzida no fígado novo) também é restabelecida, para que possa participar da digestão.

Oncofígado Cirurgia de Fígado e Vias Biliares é de responsabilidade de:

Dr. Rodrigo Vincenzi CRM 104586 (veja o currículo completo)
Dra. Karina Roda Vincenzi CRM 133977 (veja o currículo completo)

Transplante de Fígado Intervivos

Entendendo a diferença entre doador vivo e doador falecido

  • DOADOR FALECIDO: chamado antigamente de doador cadáver: é a pessoa que tem morte cerebral diagnosticada (geralmente por acidentes de trânsito ou doença cerebral popularmente conhecida como derrame) e manifestou no passado, para a família, o desejo de ser doador;
  • DOADOR VIVO: é a pessoa que deseja doar em vida parte do seu fígado, podendo ser parente ou não
Transplante Intervivos 1

O que é o transplante de fígado intervivos?

O transplante de fígado intervivos é o transplante no qual uma parte do fígado de uma pessoa saudável é retirada por meio de cirurgia e então colocado no lugar do fígado doente do paciente que precisa do transplante.

Quais são os benefícios do transplante de fígado intervivos?

  • O receptor não depende da lista de espera para o transplante acontecer
  • Pacientes com pontuação baixa na lista de espera (MELD ou PELD score) tem a chance de serem transplantados em pouco tempo
  • A cirurgia é programada, o que permite escolher o momento em que o receptor está em melhores condições de saúde, além de permitir que a família se programe e se estruture para oferecer o melhor suporte para o paciente
  • A parte do fígado retirada do doador vivo será colocada no receptor com tempo menor do que aconteceria com um fígado de cadáver, diminuindo a lesão no novo órgão devido a um tempo de isquemia curto, sendo um fator importante para uma recuperação mais rápida
  • O doador causa um grande impacto na vida da pessoa que precisa, sendo o maior responsável por salvar a vida dela

Por que não realizar o transplante com doador falecido em todo paciente que precisa?  

O transplante é feito com mais frequência com o doador falecido. Entretanto, como a fila de espera por um fígado é muito maior do que a quantidade de doadores falecidos disponíveis, o transplante com doador vivo (transplante intervivos) é realizado cada vez com mais frequência.

O transplante de fígado intervivos foi idealizado e realizado no final dos anos 80 como uma alternativa à falta de doadores falecidos para crianças pequenas, sendo posteriormente desenvolvido em alguns lugares do oriente, principalmente Japão, Coréia do Sul e Hong Kong, para atender a alta demanda de pacientes adultos naqueles países também. Hoje, o transplante intervivos tanto para crianças quanto para adultos é uma técnica muito bem estabelecida e segura.

A doação em vida só é possível porque o fígado tem a capacidade de regeneração, não prejudicando a saúde da pessoa que fez a doação.

Quem pode ser doador?

Se um candidato a transplante de fígado for elegível para receber um fígado de um doador vivo, um membro da família, parente ou mesmo alguém sem relacionamento familiar poderá ser considerado para doação. Existem vários requisitos para se tornar um doador vivo, dentre eles:

  • Ter tipagem sanguínea compatível (grupo ABO compatível)
  • Ter saúde perfeita, tanto física quanto mental
  • Idade entre 18 e 50 anos (em alguns casos considera-se idade superior)
  • Ser capaz de entender os riscos relacionados a cirurgia e seguir as recomendações médicas antes e após a cirurgia
  • Realizar exames e avaliações e ser aprovado em todas elas
  • Não fazer uso de tóxicos ou abuso de álcool
  • Se for tabagista, parar de fumar com antecedência
  • Não ser portador de:

  • Doença no fígado
  • Doenças em outros órgãos (doença cardíaca e renal, por exemplo)
  • Doenças transmissíveis
  • Tumores malignos

A doação é um ato de generosidade, e este ato deve ser livre e espontâneo. A motivação é única e exclusivamente contribuir com a saúde da pessoa que receberá o órgão. Em hipótese alguma será considerada a aprovação de um doador que esteja sendo pressionado ou que tenha recebido algum incentivo financeiro para realizar a doação, além de se configurar um crime.

Quais são os riscos para o doador?

Todo paciente submetido a qualquer procedimento cirúrgico ou anestésico está em risco de ter complicações. As complicações mais comuns na cirurgia da doação de fígado são:

  • FÍSTULA BILIAR: significa escape de bile na área onde o fígado foi cortado. Geralmente resolve-se sem uma nova intervenção. Em alguns casos pode ser necessária a colocação de um dreno próximo ao fígado para retirar o acúmulo de bile
  • SANGRAMENTO: como o fígado tem uma grande circulação de sangue no seu interior, um sangramento pode acontecer no pós-operatório. A cirurgia cuidadosa minimiza as chances disto acontecer
  • INFECÇÃO DA FERIDA OPERARÓRIA
  • HÉRNIA NO LOCAL DA CIRURGIA
  • PNEUMONIA
  • TROMBOSE VENOSA NA PERNA

A avaliação do possível doador é feita de maneira detalhada e muito criteriosa para que os riscos a ele sejam reduzidos. Entretanto, mesmo que raramente ocorra, a literatura médica mundial relata que pessoas já faleceram doando parte de seus fígados (alguns estudos citam a possibilidade de 0,2% de chance de morrer doando parte do fígado).

Como é decidido qual parte do fígado do doador será retirada?

Esta avaliação é feita antes da cirurgia, durante a avaliação do doador e do receptor. Normalmente, pacientes maiores precisam de um tamanho de fígado maior. O fígado é um órgão subdividido em segmentos, e a retirada da parte do fígado que será utilizada no transplante deve seguir esta subdivisão. As possíveis cirurgias de doação são:

  • ENXERTO DE SEGMENTO LATERAL ESQUERDO: é a parte do fígado mais próxima ao estômago, correspondendo de 20 a 30% do volume total do fígado. É utilizado como enxerto para crianças
  • ENXERTO DE LOBO ESQUERDO: corresponde de 30% a 40% do volume total do fígado, geralmente utilizado em adolescentes e adultos pequenos
  • ENXERTO DE LOBO DIREITO: é a maior parte do fígado e o maior enxerto que pode ser utilizado, geralmente correspondendo de 60 a 70% do volume total do fígado. É utilizado em adultos maiores

Qual a quantidade de fígado que deve permanecer com o doador para que ele possa funcionar normalmente?

O doador, sendo uma pessoa saudável, deverá permanecer com no mínimo 30% do volume estimado do seu fígado. Com esta quantidade, o funcionamento do fígado remanescente será normal. Em situações onde por exemplo o lobo direito do doador corresponde a mais de 70% do volume total do fígado, ele não poderá ser doador, já que sobrará menos de 30% do fígado para ele.

Como é a recuperação do doador?

O período de internação costuma variar de 3 a 5 dias, podendo se extender em alguns casos. As alterações mais comuns no pós-operatório são:

  • DOR NO LOCAL DA INCISÃO: pior nos primeiros dois dias, mas facilmente controlada com medicação
  • SENSAÇÃO DE ESTÔMAGO CHEIO: melhora com o restabelecimento de atividades físicas e orientações dietéticas
  • INSÔNIA: comum nos primeiros dias devido a mudança de rotina e medicamentos, em pouco tempo o sono é normalizado

Normalmente o paciente volta a se alimentar no mesmo dia da cirurgia ou no dia seguinte, dependendo da duração do procedimento. A movimentação é estimulada e o paciente é encorajado a sair do leito para caminhar já no dia seguinte.

Após a alta, o doador fará o acompanhamento médico ambulatorial. Com duas semanas de cirurgia a recuperação já costuma ser excelente, e normalmente em dois meses poderá voltar às suas atividades rotineiras (alguns pacientes retornam às suas atividades com 1 mês de cirurgia, com a orientação de evitarem esforço físico intenso por mais um mês).

As cirurgias do doador e do receptor são feitas ao mesmo tempo?

Sim, a mesma equipe se divide para fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo. Enquanto o time que está no doador faz a retirada de parte do fígado, o time que está no receptor se prepara para retirar o fígado doente e deixar o paciente pronto para receber o novo fígado. Todo o procedimento dura em média de 10h a 12h.

As duas cirurgias são muito complexas, e deve haver uma coordenação muito grande entre as duas equipes. Esta é uma das razões para este procedimento só ser realizado por equipes muito bem treinadas e experientes.

Assim que o enxerto é retirado (parte do fígado do doador), ele é perfundido fora do corpo do doador com uma solução chamada de solução de preservação, que remove o sangue do órgão e ajuda a resfriá-lo. Depois disto, ele é colocado no corpo do receptor e as conexões entre as artérias e veias do enxerto e os vasos sanguíneos do receptor são feitas, e desta forma o sangue do paciente passa a circular no fígado novo. Após esta etapa, a circulação de bile (produzida no fígado novo) também é restabelecida, para que possa participar da digestão.

Oncofígado Cirurgia de Fígado e Vias Biliares é de responsabilidade de:

Dr. Rodrigo Vincenzi CRM 104586 (veja o currículo completo)
Dra. Karina Roda Vincenzi CRM 133977 (veja o currículo completo)