SAIBA TUDO SOBRE A CIRURGIA DE PEDRA NA VESÍCULA!

Cirurgia Pedra na Vesicula

 

Cirurgia de pedra na vesícula: afinal, o que é a vesícula biliar e para que serve?

 

Como é a cirurgia? Quem precisa retirar a vesícula? Como é a recuperação pós-operatória? Com certeza são muitas dúvidas sobre este procedimento cirúrgico, e para quem precisa passar por ele, é muito importante estar bem informado.

Quanto mais informações sobre o seu tratamento, mais rápida será a sua recuperação. Então vamos lá!

Conhecendo a vesícula biliar

A vesícula biliar é um órgão do sistema digestivo, localizado na porção superior do abdome, tem o formato de uma pera e fica embaixo do fígado. Ela serve para armazenar um líquido chamado bile, que é produzido pelo fígado.

A bile participa da digestão dos alimentos, principalmente da gordura. Quando um alimento gorduroso é ingerido, a vesícula biliar se contrai e solta a bile em uma região do intestino delgado, facilitando a digestão dos alimentos.

Vesícula biliar, características e localização
Formato da vesícula biliar (representada na cor verde) e seus canais / ductos. Observe a relação com o fígado e, na figura a direita, sua localização no nosso corpo.

Quais problemas podem surgir na vesícula biliar para precisar de cirurgia ?

 

O principal problema que pode surgir na vesícula biliar é a formação de pedras no seu interior. As pedras na vesícula (ou cálculos biliares) podem surgir em qualquer pessoa, entretanto, estão mais relacionadas a:

 

  • Obesidade: um dos principais fatores de risco, principalmente no sexo feminino
  • Sexo Feminino: as mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver cálculos biliares do que os homens
  • Idade: pessoas com mais de 40 anos têm mais probabilidade de desenvolver cálculos biliares do que pessoas mais jovens
  • Estrogênio: o excesso de estrogênio, como ocorre na gravidez, na terapia de reposição hormonal ou no uso de pílulas anticoncepcionais, parece aumentar os níveis de colesterol na bile e diminuir o movimento da vesícula biliar, os quais podem levar a cálculos biliares
  • Diabetes: pessoas com diabetes geralmente têm altos níveis triglicerídeos, que aumentam o risco de cálculos biliares.
  • Rápida perda de peso: como o corpo metaboliza a gordura durante a rápida perda de peso, faz com que o fígado secrete colesterol extra na bile, o que pode causar cálculos biliares
  • Jejum: diminui o movimento da vesícula biliar, o que faz com que a bile fique super concentrada com o colesterol

Quais são os sintomas de pedra na vesícula?

 

Pacientes com pedra na vesícula podem não apresentar qualquer sintoma, porém quando ocorre o principal sintoma é a cólica biliar. A cólica biliar pode aparecer repentinamente, e é uma dor abdominal constante, geralmente no lado superior direito ou no meio do abdome.

Essa dor geralmente é agravada pelas refeições, principalmente alimentos gordurosos. Outros sintomas que podem estar presentes são:

 

  • Dor nas costas e no ombro direito
  • Náuseas
  • Febre e calafrio
  • Vômito
  • Icterícia (olhos e pele amarelados)
  • Inchaço abdominal

 

Importante lembrar que cada pessoa pode apresentar sintomas de formas diferentes, e que os sintomas se assemelham a outras condições médicas como gastrites, esofagites, refluxo entre outros. Consulte sempre o médico especialista para o diagnóstico correto.

Quais são os problemas que a pedra na vesícula pode causar?

 

Colecistite aguda: ocorre quando a pedra entope a saída da bile da vesícula biliar, causando uma inflamação que pode evoluir para infecção e perfuração da vesícula.

Pancreatite biliar: mais comum em pessoas que possuem várias pedras de tamanho pequeno; uma das pedras pode sair da vesícula biliar e entupir o ducto que sai do pâncreas, causando uma inflamação potencialmente grave deste órgão.

Icterícia: acontece quando um cálculo sai da vesícula e obstrui o canal principal de drenagem da bile, fazendo com que ela fique represada no fígado. O termo técnico desta doença é coledocolitíase, e a pessoa geralmente fica com os olhos e a pele amarelados.

Complicações da pedra na vesícula biliar
Complicações da pedra na vesícula que necessitam de cirurgia: colecistite aguda (dor forte e persistente abaixo das costelas do lado direito) e icterícia (olhos e pele amarelados)

Em quais pacientes a cirurgia de pedra na vesícula (colecistectomia ou retirada da vesícula biliar) está indicada?

 

Recomenda-se a retirada da vesícula biliar principalmente nos seguintes casos:

 

  • Pacientes com pedra na vesícula que já tiveram cólica biliar ou outros sintimas
  • Pacientes com complicações da pedra na vesícula, como colecistite aguda ou crônica, pancreatite biliar e icterícia.
  • Suspeita de câncer na vesícula biliar
  • Pólipo na vesícula biliar maior ou igual a 1 cm, múltiplos ou com crescimento nos exames de controle

Como é feita a cirurgia de pedra na vesícula (retirada da vesícula biliar)?

 

 

A cirurgia de retirada da vesícula biliar, chamada tecnicamente de colecistectomia, é feita sob anestesia geral, o que significa que o paciente dormirá durante toda a cirurgia.

A colecistectomia é rotineiramente feita pela técnica de videolaparoscopia (cirurgia por vídeo ou popularmente chamada de cirurgia a laser, termo que foi difundido de maneira errada no passado) ou pela técnica convencional (cirurgia aberta). A cirurgia pode durar menos de uma hora em casos simples, mas ser prolongada em casos mais difíceis.

 

Etapas da cirurgia de retirada da vesícula por vídeo (laparoscopia):

O cirurgião faz uma pequena incisão próxima ou dentro do umbigo, e introduz um equipamento chamado de “port” ou “trocater” (um pequeno objeto cilíndrico, oco por dentro para permitir a passagem de instrumentos cirúrgicos).

Por meio do trocater, o abdome será preenchido com um gás, que criará o espaço necessário para a cirurgia (sem colocar o gás não é possível separar os órgãos e enxergar adequadamente dentro do abdome).

Neste mesmo trocater, é introduzida a câmera de vídeo, que transmitirá a imagem para um monitor, por onde o cirurgião enxergará seus órgãos.

Outras 3 pequenas incisões (de 0.5 cm a 1 cm) são realizadas no abdome para a introdução de outros trocater, por onde delicados instrumentos cirúrgicos serão introduzidos para a realização da cirurgia

O cirurgião então identifica a vesícula biliar, realizada o clipamento de uma pequena artéria que nutre a vesícula (chamada de artéria cística), assim como do ducto cístico (canal de saída da bile da vesícula biliar).

Na maior parte dos casos, é realizado um exame intra-operatório chamado colangiografia, para ver se está tudo bem com os ductos biliares e se não existem outras pedras no caminho entre a vesícula e o intestino delgado.

Após as etapas anteriores, o cirurgião desconecta a vesícula do fígado. Ao término desta desconexão, a vesícula biliar é retirada por umas das incisões criadas anteriormente. Por fim, após a certificação de que está tudo bem na região operada, os trocaters são retirados e as incisões fechadas.

Na cirurgia aberta (ou convencional), a diferença é a via de acesso utilizada para o procedimento. Ao invés das pequenas incisões, é feita uma única incisão na região abaixo das costelas do lado direito, de aproximadamente 15 a 20 cm, a depender da constituição corporal e da complexidade da cirurgia.

Cirurgia Pedra na Vesicula por video
Cirurgia de pedra na vesícula realizada por videolaparoscopia

Em todos os pacientes é possível fazer a cirurgia de pedra na vesícula por vídeo?

 

Na maior parte dos pacientes sim; entretanto, em alguns casos, pode ser que a cirurgia comece por vídeo e o cirurgião decida “converter” a cirurgia para a via de acesso convencional, ou seja, fazer a cirurgia pela técnica aberta.

Em pacientes jovens e sem complicações, a chance de precisar converter a via de acesso é menor que 1%.

A chance de precisar converter aumenta em pacientes que já tiveram alguma cirurgia no abdome, em pacientes com internações prévias por inflamação na vesícula, em casos de sangramento durante a cirurgia e na presença de alterações anatômicas das vias biliares.

A via de acesso é planejada pensando sempre na segurança do paciente. O cirurgião procurará o caminho que for mais seguro para cada paciente, seguindo o seu melhor julgamento.

Quais são as possíveis complicações da cirurgia de pedra na vesícula?

 

No geral, a maior parte dos pacientes não apresenta complicações após a colecistectomia (retirada da vesícula biliar).

Alguns pacientes apresentarão problemas relacionados às incisões (cicatrizes) cirúrgicas, como infecção ou desenvolvimento de hérnia. Alguns problemas clínicos são possíveis, como o desenvolvimento de coágulos nas pernas (trombose venosa) e pneumonia.

Existem problemas relacionados diretamente às vias biliares, como a migração de algum cálculo da vesícula biliar para a via biliar principal (chamado de cálculo residual), que pode precisar de um novo procedimento para a sua retirada (cirúrgico ou por endoscopia).

A fístula biliar (escape de bile na cavidade abdominal) e a lesão do ducto biliar principal podem ocorrer em 0.5% dos pacientes, segundo o Colégio Americano de Cirurgiões; estas últimas duas complicações provavelmente exigirão a realização de uma nova cirurgia ou de algum procedimento endoscópico / percutâneo.

Converse com o seu cirurgião sobre estas possíveis complicações e entenda melhor em quais situações elas têm mais chances de acontecer, lembrando que são complicações com pouca frequência.

Como é o pós-operatório da cirurgia de pedra na vesícula?

 

Orientações para a véspera da cirurgia e dias anteriores

 

Na véspera da cirurgia: jejum de 8h (não pode comer e nem beber durante este período). Alguns protocolos permitem um período menor, converse com o seu cirurgião.

Informe seu médico sobre medicamentos em uso, se toma algum suplemento ou vitamina. Medicamentos que alteram a coagulação aumentam a chance de sangramento durante a cirurgia.

Pare de fumar. Lembre-se que a chance de pneumonia é maior em fumantes, e a anestesia geral aumenta ainda mais este risco. Fumantes têm mais complicações com a cicatriz operatória também.

Nos dias anteriores à cirurgia, informe a equipe caso tenha febre, sintomas gripais, diarreia ou qualquer mudança no seu quadro clínico.

Tenha uma alimentação saudável nos dias anteriores à cirurgia e não faça uso de bebidas alcoólicas. No dia da cirurgia, leve ao hospital os seus exames, documentos, roupas confortáveis, chinelo e itens de higiene pessoal.

Como é a recuperação pós-operatória da cirurgia de pedra na vesícula no hospital?

 

Após a cirurgia, é esperado sentir dores nas cicatrizes, na região conhecida como “boca do estômago” e nos ombros (por causa do gás que é colocado no abdome durante a cirurgia).

Alguns pacientes apresentam enjoo e podem vomitar, por conta da manipulação cirúrgica e dos medicamentos utilizados na anestesia.

Quando estiver bem acordado da anestesia geral, você poderá ingerir líquidos e caso não esteja com náuseas, iniciar uma alimentação leve.

Geralmente, algumas horas após a cirurgia, o paciente é orientado a sair da cama com ajuda e começar a caminhar devagar

Quase todos os pacientes poderão ir para casa no dia seguinte da cirurgia, alguns no mesmo dia. Isto depende dos sintomas apresentados nas horas iniciais após a cirurgia e da duração da cirurgia, basicamente.

Como é a recuperação da cirurgia de pedra na vesícula em casa?

 

O que comer?

 

No pós-operatório da cirurgia de retirada da vesícula, alguns pacientes podem apresentar a sensação de plenitude pós-prandial (sentir-se cheio com frequência logo após comer), gases, e diarreia.

Outros, por conta da sensibilidade do intestino a algumas medicações, podem ficar com o intestino preso. Por isso a importância de uma dieta saudável principalmente na primeira semana de pós-operatório. Dicas gerais:

 

  • Prefira comer pequenas porções ao longo do dia, ao invés de pratos generosos no almoço e jantar.
  • Não tome bebidas alcoólicas e com gás. Hidrate-se ao longo do dia com água e sucos naturais (sem açúcar).
  • Após a cirurgia, comece no primeiro dia com alimentos mais leves e pastosos, e vá aumentando a consistência no dia seguinte para que a digestão seja mais fácil.
  • Lembre-se que sem a vesícula, o fluxo de bile é alterado e o corpo pode precisar de 3 a 4 semanas para se adaptar, sendo importante neste período não “abusar” da alimentação

Alimentos recomendados após a cirurgia de pedra na vesícula

 

Alimentos ricos em fibras: coma pequenas porções de lentilha, ervilhas, batata doce com casca, frutas, vegetais, legumes, amêndoa, chia, castanha, nozes.

Carnes magras: frango sem pele, peixes, carne vermelha magra duas vezes na semana. Outras fontes de proteína como soja e tofu também são recomendadas.

Carboidratos complexos: massas, pães integrais em quantidade reduzida, arroz integral, batata doce com casca.

Produtos lácteos: leite desnatado, iogurte apenas se for muito reduzido em gordura, queijo branco, ricota, queijo tipo cottage.

O que não comer após a cirurgia de pedra na vesícula

 

Alimentos processados e doces: tortas, bolos, biscoitos doces, cereais com açúcar, chocolate, sorvetes e outras sobremesas.

Alimentos gordurosos, condimentados e com conservantes em excesso: cortes de carnes gordurosas, bacon, salsicha, salame, linguiça, frituras em geral, salgadinhos, comida congelada, hambúrguer e outros fast foods.

Laticínios ou produtos lácteos: queijos gordurosos (quanto mais amarelo e macio pior), leite integral (prefira desnatado), iogurte sem redução de gordura, manteiga e requeijão.

Atividades físicas após a cirurgia de pedra na vesícula

 

Logo no primeiro dia de cirurgia é esperado que o paciente saia da cama e caminhe devagar. Após a alta, é permitido subir e descer escadas com cuidado.

A cada dia que passa a sensação de recuperação física é maior, à medida que a dor pós-operatória diminui. A recuperação física da cirurgia laparoscópica (por vídeo) costuma ser mais rápida.

Alguns pacientes retornam ao trabalho 7 dias após a cirurgia, enquanto outros precisam de duas a três semanas para retomar as atividades cotidianas de antes da cirurgia.

A regra é introduzir atividades físicas e aumentar a intensidade do exercício de acordo com seu corpo. De qualquer forma, deve-se evitar esforços físicos exagerados nas primeiras 6 semanas.

Além disto, não é recomendado pegar ou levantar peso maior que 5 Kg nas primeiras quatro semanas. Pesos acima de 10 Kg apenas a partir de 6 semanas de cirurgia, pelo risco de formação de hérnias nas cicatrizes. Lembrando que este limite é apenas um guia, podendo ser alterado de acordo com a constituição corporal.

Converse com seu cirurgião a respeito! Para a cirurgia aberta, este período é maior.

Quais são os cuidados com os curativos na cirurgia de pedra na vesícula?

 

Os pontos utilizados na cirurgia por vídeo normalmente não precisam ser retirados, eles são absorvidos pelo organismo após algumas semanas.

Alguns cuidados com os curativos:

As mãos devem estar sempre limpas para manipular o curativo ou a cicatriz cirúrgica.

Curativos impermeáveis são removidos geralmente após 48h da cirurgia, contanto que estejam secos. Você poderá tomar banho com este curativo, mas caso a água infiltre por baixo dele, remova-o após o banho.

Por baixo do curativo impermeável costuma-se usar algumas fitinhas adesivas que auxiliam na cicatrização. Mantenha estas fitinhas por 7 dias, sempre secando após o banho (um secador de cabelo na temperatura fria poderá ajudar a secar).

É normal sair um pouco de sangue ou uma secreção clara nos primeiros dias de pós-operatório.

Não esfregue as cicatrizes no banho e evite roupas apertadas ou que ficam friccionando a área operada.

Não tome banho de banheira ou use a piscina nas primeiras 4 semanas, no mínimo.

Peça para o seu cirurgião uma pomada ou gel que auxilie na cicatrização, a partir do décimo dia de cirurgia.

Cicatriz de cirurgia de pedra na vesícula por laparoscopia
Veja acima os locais das cicatrizes da cirurgia de pedra na vesícula por laparoscopia. As incisões estão cobertas com o curativo impermeável.

Quais são os sinais de alerta em casa?

 

 

Procure ajuda caso apresente algum dos eventos abaixo:

 

Dor no abdome ou em algum outro lugar do corpo muito forte, que não melhora com os analgésicos prescritos pelo seu médico.

Febre de 38 graus ou mais.

Vermelhidão em alguma cicatriz com secreção amarelada (pus).

Sangramento em alguma ferida que não para mesmo comprimindo por cerca de 10 minutos.

Vômitos que não melhoram com medicação.

Barriga muito distendida e dolorosa.

Olhos e peles amarelados.

Urina com cor escurecida.

Recomendações finais

Sempre que um tratamento é indicado, em qualquer área da medicina, é necessário que o paciente compreenda muito claramente os motivos da indicação daquele tratamento, possíveis alternativas, riscos e benefícios. Quanto mais informado, maiores as chances de sucesso no tratamento, e mais rápida deve ser a recuperação. Antes de cada consulta, anote as suas principais dúvidas e esclareça-as com o seu médico. A informação é um dos maiores aliados de pacientes e médicos!

Onco Fígado Cirurgia de Fígado e Vias Biliares é de responsabilidade de:

Dr. Rodrigo Vincenzi CRM 104586 (veja o currículo completo)

Dra. Karina Roda Vincenzi CRM 133977 (veja o currículo completo)

Dra Karina Roda Vincenzi e Dr Rodrigo Vincenzi

1 Comentário

  1. Lucitania Arminda Antunes Laviola

    A minha visicula a pedra desceu e a dor e muito forte tem que fazer pela boca.

    Responder

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